domingo, 12 de dezembro de 2010


Papai Noel

Sei que você não recebe muitas cartas de adolescentes, ou talvez receba mais carta deles do que das crianças. Adolescentes pedindo novos corações, pessoas embrulhadas de presente. Quando era criança nunca cheguei a acreditar em você, não tinha chaminé em casa, e os natais que passei por lá nunca tiveram uma boa árvore com aquelas caixas de presente embaixo. Nunca desci as escadas correndo quando acordei na manhã de natal para mergulhar nas caixas com fitas embaixo das árvores como nos filmes.
Mas, porque eu não acreditaria que você existe? Quem sabe não existe mesmo um bom velhinho aposentado morando em uma casinha escondida em algum lugar desse vasto deserto de neve?
E é pra esse bom velhinho que escrevo hoje.
Não, eu não quero alguém em um minúsculo potinho pra guardar ou pendurar em algum quadro. Não quero um novo coração, porque o meu está quebrado ou machucado. Ele já nem dói mais.
Na verdade, o que vou pedir hoje é simples, e você, papai noel, já está me dando. Eu quero um amigo. Quero alguém que me escute sem dizer algo do tipo: " Nossa, você com essa história de novo " , " Vocês não se cansam não ? " , " Para de falar dele " . Sabe Papai Noel, eu queria alguém para conversar. Na verdade, eu queria não precisar de alguém para conversar. Queria tirar esse nome estranho que fica saltitando entre minha mente todas as horas do meu dia. Como faço Papai Noel ? Ele insiste, em me perturbar, em me iludir e me fazer amar. Essa é outra coisa que eu queria, saber o que é o amor. O amor é isso Papai Noel ? É quando um nome fica te atormentando todos os dias ? Quando uma pessoa insiste em aparecer em seus sonhos todas as noites, mesmo quando você nem mesmo pensa nela antes de dormir ? É quando você sabe que ela está lá, escondida no fundo da sua mente, dançando e rindo da sua cara enquanto você luta e se machuca pra esquece-lá ? Papai Noel, por favor. O que é o amor ? Nesse natal, eu quero uma carta. Me mande uma carta Papai Noel. Apenas me escreva. Me diga que não é amor, que vai passar. Que é coisa de adolescente e que é fútil e idiota. Que um dia vai acabar. Eu vou acreditar se ouvir de você. Não, não diga que vai acabar. Eu não suportaria a ideia de um dia vê-lo longe de mim. Papai Noel, eu não estou amando estou ? Um dia a vida vai parar de traze-lo para perto de mim não vai ? Um dia ele vai simplesmente desaparecer da minha mente e eu já não vou senti-lo mais dançando la dentro não é  ? Por favor, Papai Noel. Neste natal, eu quero ter certeza de que não é amor. De que o amor não é isso, e que eu não estou amando Papai Noel.

Com amor ( seja lá o que for isso ), S.

sábado, 11 de dezembro de 2010

 

S.

Olá. Eu te conheço muito bem, e você me conhece também, porque afinal, somos um só. Se eu não batesse, você não viveria. Mas eu queria saber o porquê de você sofrer tanto, se as pessoas que eu escolho pra você, são legais, e na maioria das vezes, te amam! Não é certo se fechar porque uma dessas pessoas foi idiota o suficiente para te magoar. E não é certo me criticar, me xingar, porque você sabe que eu só quero o melhor pra você. Afinal, somos um só, não é mesmo? Então se levante dessa cama, enxugue essas lágrimas, afaste essa caixa de chocolates que você comia com tanta tristeza, exclua todos os momentos ruins e siga a sua vida! Não pense que nunca mais vai amar e que nunca vai ser amada, porque eu sei que quem te merece está a sua espera. E olhe para frente, tem alguém especial te olhando, porque eu sinto isso, já que somos um só.


Com amor,
Seu coração.

domingo, 28 de novembro de 2010


A.
Eu odeio esse seu jeito estúpido de me olhar, odeio o jeito como eu gosto desse jeito estúpido que você me olha. Eu odeio esse jeito com que você me toca, odeio o jeito como eu sinto o seu toque. Eu odeio esse seu jeito idiota de ser. Odeio a cor dos seus olhos e a intensidade com que eles brilham na luz. Odeio o seu cabelo, e o fato de odiar te ver de boné. Eu odeio tanto você. Odeio você por me fazer te odiar. Odeio quando você me irrita e quando nega qualquer coisa. Odeio quando você sorri, e me olha sorrindo. Odeio quando você apenas me olha. Odeio o seu abraço, e odeio ter que me soltar de você. Odeio você tanto que chega a doer. Chega a cutucar. Eu odeio, odeio como você faz cada traço desse odio parecer amor. Odeio ter você na minha vida, mais não consigo imaginar ela sem você. Sem esse seu jeito estúpido de me olhar, ou a cor dos seus olhos brilhando quando você me olha. Sem esse seu sorriso ou sem esse seu cabelo que você quase nunca mostra. Eu te odeio, cara. Eu te odeio. Mas por favor, não me deixe nunca te abandonar. Não me deixe ir embora. Não vá. Nunca se vá. Faça durar mais alguns anos, alguns meses ou alguns dias. Mais não deixe acabar. Não saia da minha vida assim.
S.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010


J.
E agora? Que nome eu dou a esse enorme vazio que arde toda vez que penso em você? Ah, a saudade. Quem dera ela também pudesse me entender, me aconselhar e me xingar. Minha conselheira, amiga, irmã. Como eu queria estar com você agora, pra sentir você me abraçar e falar com a sua voz doce que sentiu tanto a minha falta. Eu também sinto a sua, todos os dias. Ah, como eu queria deitar no travesseiro e ver seu rosto de dor enquanto vê minhas lágrimas caírem sem ao menos poder secá-las. A mesma dor que eu sinto ao ver as suas. Ah, saudade daquele tempo em que corríamos despreocupadas pelo terreiro e brincávamos no balancinho a tarde toda sem nenhuma dor no coração. Você me viu crescer, eu te vi crescer. Compartilhamos nossas mudanças e nos entendemos de uma maneira que só duas pessoas com a mesma alma conseguiria. Com a mesma alma inocente de criança, com todos os seus medos e segredos escondidos. Segredos nunca revelados. Como eu queria poder te abraçar e te ver crescer mais a cada dia. Te ajudar com os seus problemas e não só te dar conselhos ou um bom ouvido amigo quando você precisar. Como eu queria um pouco mais do seu ombro amigo; da sua voz me dizendo boa noite e da sua cara de brava quando alguém te irrita. Um pouco mais de você. Ah, saudade. Eu te amo tanto e preciso tanto de você. Ah, saudade. Eu queria tanto ir te ver, te ver mudar, crescer, evoluir e alcançar tudo aquilo que você sonhar. Queria poder secar, e te ver secar, as lágrimas que nós mesmas nos causamos. Dividir a dor e sorrir. Sorrir com aquela inocência de criança perdida em algum caminho pelo tempo. Ser feliz. Como eu queria ir te ver e crescer com você.
Saudades, S.

terça-feira, 26 de outubro de 2010


S.
A algum tempo venho me perguntando o que me faz feliz, sinceramente, essa pergunta vem me calando à dias. Pensei em coisas que me fazem feliz, músicas, amigos, família. Sim, me fazem feliz. Mais a pergunta agora é: feliz o suficiente? Quando somos felizes o suficiente? Precisamos ser felizes pra nos sentir completos? Acredito que sim, porque sinto constantemente que me falta algo. Egoísta, hipócrita, sem noção. Sim, eu sei. Todos os dias sinto que me falta um pedaço, alguma coisa que eu perdi ou alguma coisa que só agora me fez falta. A vida é sempre assim? Todos os dias, todos os anos? Vivemos sempre buscando respostas pra incansavéis perguntas das quais não vamos parar de fazer? E se as perguntas não tiverem respostas?
Estou me sentindo perdida. Tenho pensado nos meus sonhos, viajar pelo mundo, conquistar tudo o que quis e ter todos os tipos de expêriencias. E se eu não realizar os meus sonhos? Só o que vivi valeria pra ir embora podendo dizer que fui feliz e que a vida valeu a pena? A vida, estranho labirinto no qual agora me sinto totalmente perdida. Eu não sei porque, mais venho sentindo que não viverei muito. É estranho, acho que todo mundo sente isso. Se eu viver, serei uma grande velhinha contadora de histórias. Aí sim, ao encontrar a saída desse grande labirinto eu poderei dizer: " Eu fui feliz e valeu a pena viver! " Sim, estou sendo egoísta.
Mas não faz sentido algum, a vida não faz sentido algum. São tantas pedras que encontramos pelo caminho, tantas decepções e tanta dor. Os poucos momentos em que somos felizes são suficientes pra curar as feridas e apagar as memórias tristes que temos?
O tempo, ele virá mesmo tirar toda essa dor e todo esse sentimento de culpa e perda do meu coração? Mais uma pergunta sem resposta, mais uma decepção, uma dor, um machucado, um sorriso e um momento. Uma música, uma dose, um papel e um violão. Outro momento, com outra canção, mais uma dose e mais uma dor no coração.
 
Confusa, S.

sábado, 25 de setembro de 2010



L. 

Chega um momento em que todas as paredes ao seu redor começam a desmoronar, uma a uma, te dando tempo e o trabalho de construí-las de novo antes que outra parede, ou esta, caia de novo. Mais e se todas as paredes ao seu redor começassem a desabar de uma vez? O que faríamos? Chamaríamos os amigos, pra nos ajudar a reconstruir tudo e reforçar ainda mais nossa base, porque os amigos são isso, eles nos ajudam quando nós precisamos e estão sempre dispostos a ajudar. E você estava lá quando eu precisei de ajuda, e agora eu estou aqui, porque você precisa de ajuda; e saiba: eu não vou sair, nem que 1milhão de pessoas derrubem as paredes que construímos juntas. Não vai ser mais uma comparação inútil sobre os problemas que temos que vão te fazer entender o quanto você se tornou importante pra mim, mais o que importa mesmo é que você saiba que eu to aqui e não vou sair! Um dia todas as pessoas acordam com olhos diferentes e passam a enxergar o mundo com os mesmos, e eu só espero que eles não enxerguem tarde demais. Eu sempre disse que o tempo é o melhor remédio, e que um dia a vida vai te mostrar uma resposta, e eu só costumo acreditar nisso pra ainda parecer ter esperanças de que no fim tudo vai dar certo, e que se não deu certo ainda é porque não chegou ao fim, mais nem sempre é assim. Às vezes temos que perder pra dar valor, ver pra acreditar e machucar pra aprender a cuidar. E um dia, eles vão perder e aprender muito ainda. Aprender que existe uma enorme diferença entre cuidar de uma pessoa e cuidar da vida dela. Eu te amo e nunca vou sair do seu lado, nem quando todas as paredes desabarem, e até o chão tremer sobre os seus pés! Eu vou estar aqui, com minhas ferramentas e o meu coração, pronta pra te ajudar, sempre!

Abraços, de sua amiga S.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

 
A.
 
Ok, eu sei que tinha dito que aquela seria a última carta, mais tudo muda quando as ideias mudam. Bom, não sei exatamente porque estou escrevendo, talvez porque na última carta eu estava decidida a dar um fim a tudo e nada terminou. Alias, eu acho que isso ainda vai demorar terminar. E isso é ruim. Não por não ter fim, eu não quero que tenha, mais por também não ter nada além de uma história incompleta e mal resolvida. Ruim, por saber que vou continuar me machucando mesmo tendo consciência disso. Ruim, por saber que nunca vai passar de mais um caso estranho e mal acabado. Ruim por ter que sorrir me contentando com simples beijos apressados mesmo que minha alma chore por nunca haver nada além disso. Beijos, que qualquer uma poderia te dar. Ruim, porque dói saber que eu poderia te fazer feliz e por não saber ao certo o motivo de nunca termos ficado juntos. Ou talvez eu saiba. Já brigamos tanto, falamos tantas coisas e mesmo apesar de tudo ainda continuamos do mesmo jeito. Na mesma história confusa e mal resolvida. Muitas vezes me pergunto até quando ficaremos assim. Só espero do fundo do meu coração machucado que o motivo de tudo não seja medo. Porque na verdade sempre vamos nos machucar, só dói menos saber que pelo menos tentamos viver, e não deixamos passar nenhum dos momentos bons que poderíamos levar, e sempre vão haver alguns momentos bons. Não precisa ser assim, eu não vou te machucar, não vou te fazer sofrer e eu ainda acredito em pra sempre. Talvez não agora, mais se tentarmos poderíamos nos encontrar em um pra sempre perdido carregado pro futuro em meio ao nada da esperança. Esperança. Eu ainda tenho esperança, de que um dia vamos ser felizes juntos, num futuro próximo e incerto que precisamos alcançar lutando.
E eu posso perder meu tempo, meu sono, meu coração e todo o meu amor lutando por você, desde que no fim, ainda haja esperança. Esperança e papeis manchados.
 
Com amor e muito sentimento, S.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A.
Essa é a última carta, a segunda e última carta. Também, eu só tenho mais uma coisa pra falar. Eu não vou falar mal, brigar com você ou mandar você ir pro quinto dos infernos ( mesmo não sendo má idéia ), eu não quero falar sobre você. Eu quero falar de mim, em como eu me sinto, em como eu me sentia. Sei que já falamos que era o fim um milhão de vezes, mais dessa vez, decidi por um ponto final em toda história que eu imaginei por todos esses anos. Estou me sentindo cansada e mesmo que seja difícil, mesmo que machuque e que eu lembre de você todas as noites quando eu me deitar eu quero que saiba que dessa vez acabou. Joguei fora todos os nossos beijos e decidi de uma vez por todas parar de alimentar uma coisa que não teria futuro. Na verdade, só estou escrevendo pra que você saiba que eu nunca vou esquecer os nossos momentos e que mesmo você sendo um patético, idiota, infantil e cachorro eu gostei de você. Como nunca gostei de ninguém antes. E eu espero de verdade que você encontre alguém; alguém maduro o suficiente pra fazer você virar o homem que um dia poderá ser.
Beijos, S.

domingo, 22 de agosto de 2010



A.
Hoje eu chorei por você. Pra falar a verdade, estou chorando por você agora. Não sei muito bem porque, mais todas as lembranças mais fúteis que eu tenho sobre você me vieram a cabeça agora e um sentimento de saudade e arrependimento me tocaram profundamente. Arrependimento de nunca ter dado valor o suficiente quando você me deu chances pra isso e saudade, do tempo em que eu não precisava ouvir sua voz ou ver a janelinha do MSN piscando pra sentir meus dias completos de novo. Saudade do tempo que seu olhar não causava efeito nenhum em mim e seu toque já na fazia mais diferença alguma na forma com que eu enxergava o mundo. Saudade do tempo em que eu tinha falta de sentir sua falta; do tempo em que a única coisa que eu queria era que você ficasse longe e já não importava mais se você ligava ou não. O tempo que todas as coisas que eu via ou ouvia já não importavam e que sua vida já não me interessava nem um pouco.  Saudade do tempo em que eu não lutava pra tentar não pensar em você e que já não me interessava ouvir seu nome. Eu sinto sua falta, mesmo tentando não sentir nada. Não é fácil quando as pessoas falam do que mais dói ouvir. Saudade do tempo em que sua vida já não fazia diferença nenhuma pra mim.
Beijos e saudades, S.
D.
A algumas semanas atrás acordei disposta a esquecer você,  apaguei do meu dia a dia tudo aquilo me fazia lembrar de todos aqueles momentos. Eu estava indo bem, até agora. Tinha me esquecido que não poderia apagar a pessoa que mais me lembrava você, por mais que eu queira, não conseguiria. Não posso apagar todas as pessoas com quem convivo maior parte dos meus dias, porque de alguma maneira, mesmo quando as vir de longe, as lembranças vão voltar como um jato; todas aquelas lembranças que eu luto pra apagar vão passar repetidas vezes pela minha cabeça. Vai ser sempre assim, eu vou lutar pra esquecer e no outro dia quando acordar de manhã ela vai estar lá, com seu cheiro, suas histórias, seus pedaços e as minhas lembranças. Obrigada por ter feito parte da minha vida de alguma maneira, mais estou colocando nesse envelope toda a alegria que se multiplicou em um grande nada que você me fez sentir; todas as suas promessas e toda a certeza que eu devia ter tido de nunca poder esperar nada de você.
Com ressentimentos, S.